terça-feira, 20 de novembro de 2012

A REAL IDENTIDADE DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO ESPAÇO ESCOLAR



SUMÁRIO

1.      INTRODUÇÃO.......................................................................................................4

2.      FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................6

2.1.   Formação do Coordenador Pedagógico...............................................................6
2.2.   Funções que competem ao Coordenador Pedagógico.........................................7
2.3.   Relação do Coordenador Pedagógico com o corpo docente...............................8
2.4.   O Coordenador Pedagógico frente ao Projeto Político Pedagógico (P.P.P).......9

3.      ABORDAGEM METODOLÓGICA...................................................................11

3.1.    O campo empírico..............................................................................................11
3.2.   Sujeitos participantes da pesquisa.........................................................................12
3.3.   Instrumentos utilizados na pesquisa...................................................................12

4.      ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.................................................15

5.      CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................17

6.      SEÇÃO DE REFERÊNCIAS.................................................................................18
a)      Bibliografia
b)     Anexos








I
NTRODUÇÃO

O Estágio de Licenciatura é uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9394/96). O estágio é necessário à formação profissional a fim de adequar essa formação às expectativas do mercado de trabalho onde o licenciado irá atuar. Assim, através do estágio temos a oportunidade de aliar a teoria à prática.
Por muitas vezes, o coordenador pedagógico acaba assumindo várias funções, muitas vezes relegando em segundo plano aquela atividade que poderíamos considerar como essencial. Nessa perspectiva, o estudo aqui exposto tem por objetivo compreender “A real identidade do coordenador pedagógico no espaço escolar”, pois na sociedade em que vivemos a escola enquanto instituição de ensino e de práticas pedagógicas enfrenta muitos desafios que comprometem a sua ação frente às problemáticas que surgem no espaço escolar. Logo, os educadores, que nela atuam, precisam estar conscientes de que os alunos devem ter uma formação cada vez mais ampla e promovendo o desenvolvimento de suas capacidades.
Nesse contexto é que se torna necessária a presença de um coordenador pedagógico consciente de seu papel, da importância de sua formação continuada e da equipe docente, além de manter a parceria entre pais, alunos, professores e direção. Favorecer a construção de um ambiente democrático e participativo, onde se incentive a produção do conhecimento por parte da comunidade escolar.
A referida temática surgiu durante um curto período de observação em uma escola da Rede Particular de ensino do Município do Recife, a partir da observação prática de uma coordenadora pedagógica, em cumprimento das atividades da disciplina de Coordenação Pedagógica, onde foi proposto o período de estágio na área de coordenação que tem como objetivo aproximar a teoria apreendida durante o curso e a prática no período de estágio. Na concepção de Pimenta e Lima (1990):

O estágio é um campo de conhecimento formativo dos futuros professores e integrante de todo o projeto curricular, ambos consideram que a finalidade do estágio é propiciar ao aluno uma aproximação à realidade na qual atuará se afastando da compreensão, até então corrente, de que seria parte de uma prática do curso, para uma reflexão sobre a realidade que fora vivenciada.

A partir da observação em campo, pudemos observar que o tema esboçado está ligado às indagações que tínhamos a respeito sobre quais as ações são condizentes ao coordenador pedagógico no espaço escolar. Atualmente é perceptível vermos esta função perde-se em meio de várias outras atividades, onde o coordenador acaba por prejudicar as ações que o competem, que consequentemente a instituição na qual está inserido sofre influências destas ações mal exercidas e termina tendo um funcionamento prejudicado em suas atividades pedagógicas e culturais.
Embasados nessas perspectivas de entender qual a real identidade do coordenador pedagógico no espaço escolar, é que nos ascendeu a ideia de entender esta querela e assim buscar meios estudos que despertem nos educadores presentes no nosso meio social, a curiosidade e a preocupação dos problemas existentes ao redor desse tema, pois deste modo acreditamos que estaremos em busca de um caminho onde a educação será vista como um instrumento para transformação de uma sociedade mais igualitária.
Nossos estudos foram embasados em discussões de textos como, entrevistas e questionários, realizados com a equipe pedagógica e professores da escola campo de estágio, bem como observação do cotidiano do coordenador pedagógico.














2.      FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.   Formação do Coordenador Pedagógico

O maior eixo da formação do Coordenador Pedagógico é o curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, onde ele adquire conhecimentos necessários para sua atuação em quanto coordenador, porém isso não implica dizer que sua formação estagna ao término do curso, pelo contrário é apenas o primeiro passo que configurará sua formação.
O processo de formação dos atores, mais explicitamente aqui esboçado o coordenador, que atuam na educação envolve formação continuada, a valorização de seus saberes práticos e pedagógicos, e a prática reflexiva. Essas são questões centrais para se pensar em uma escola de qualidade, em uma sociedade em que a mudança é a única característica permanente e onde fica cada vez mais difícil mobilizar conhecimentos complexos.
Muitos estudos atualmente mostram uma situação educacional desfavorável, marcado pela repetência, evasão escolar e distorção serie-idade nas diferentes fases do ensino fundamental. Neste cenário educacional faz-se necessário a constante busca de soluções para a resolução das determinadas problemáticas, com vistas em desenvolver um processo de ensino-aprendizagem mais eficaz, isto põe em destaque a importância de uma formação continuada do coordenador pedagógico. Essa formação continuada visa incentivar a postura de sujeitos críticos, reflexivos e transformadores, capazes de refletir sobre suas ações, com vistas a produzir saberes que lhes permitam avançar em práticas pedagógicas cada vez mais significativas e relevantes no contexto em que atuam.
Além da formação continuada o coordenador pedagógico deve encontrar sua identidade como coordenador, ele precisa entender sua função e importância dentro da instituição de ensino, com o objetivo de promover relações instáveis entre os atores educacionais. A compreensão sobre a complexidade de sua atuação enquanto coordenador pedagógico será possível se este profissional empenhar-se nos estudos sobre o tema, analisando os conceitos e propostas e, sendo capaz de fazer a relação destes conhecimentos com a situação atual que observa no interior das instituições de ensino em que atua.
Ora, se é necessário ao coordenador compreender sua atuação, então faz-se necessário também em outros aspectos, superar a deficitária formação inicial de forma a intervir com maior propriedade nas práticas escolares, pressupõem-se então que a formação continuada deste profissional é bastante relevante para o desenvolvimento de sua prática.

2.2.   Funções que competem ao Coordenador Pedagógico

Coordenar uma instituição de ensino atualmente não é uma tarefa para qualquer maestro, levando em consideração todas as problemáticas que compõem o seio escolar. Onde vemos todo um discurso a respeito do espaço, sujeito, tempo e conteúdo da aprendizagem, o coordenador pedagógico dentro desse contexto escolar irá surgir como uma figura que desempenha o papel de articulador da prática educativa. O coordenador é hoje - ou poderia ser -  o elo a unir projeto pedagógico da escola, conteúdo programático e as pessoas envolvidas no projeto - professores, gestores, pais e alunos.
Em meio toda essa instabilidade no ambiente educacional atual, o coordenador encontra-se muitas vezes pressionado no exercício de sua função, na qual em prática não possui uma configuração de papel definida. Devido a estes fatos o coordenador deve ter algumas características que favorecem o desempenho de sua função. "Não podemos definir um perfil exato para o coordenador, pois é possível praticar a coordenação pedagógica com estilos variados. No entanto, o cuidado com as relações interpessoais tem de ser um norte a ser perseguido. As características que definem um bom coordenador talvez sejam as mesmas que caracterizam um bom professor", aponta Renata Cunha, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).
Independente da relação que constitui semelhanças entre o coordenador pedagógico e educadores, ele deve ser alguém, segundo Nilda Alves, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que saiba liderar sem perder de vista que está coordenando uma equipe em uma escola, e não em uma empresa, que tem dinâmica e foco diferentes. "E isso não significa ficar levando textos que conclamam o professor a trabalhar melhor, já que o professor está ali para cumprir o seu trabalho."
Como uma pessoa que está em frente de uma liderança o coordenador pedagógico, precisa conquistar todos os sujeitos que fazem parte da comunidade escolar, deste modo necessita está sempre atualizado, não precisa saber de todo o conteúdo das áreas de ensino, mas é necessário obter conhecimento teórico no que se refere à prática de ensino. Fernanda Liberali, pesquisadora da PUC-SP com mestrado e doutorado dedicados ao papel do coordenador pedagógico, diz que: “É preciso ouvir o professor para ganhá-lo, fazê-lo revelar o quê e como pensa como acha que determinada questão tem de ser tratada”. Isto nos leva a dizer que o coordenador pedagógico deve ser um provedor de pontes entre os sujeitos que constitui a prática de ensino com vistas em desenvolver o próprio ensino.

2.3.   Relação do Coordenador Pedagógico com o corpo docente.

Como foi relatado anteriormente, o Coordenador Pedagógico deve manter uma relação de comunicação com a comunidade escolar, e é valido ressaltar que isto se aplica principalmente na relação entre coordenador e docentes, pois através do diálogo poderão articular em conjunto estratégias que beneficiem a prática pedagógica da instituição. A construção de uma relação de confiança é fundamental porque dá liberdade para que os educadores possam levar com mais facilidade para o coordenador todas as suas inquietações a respeito de sua prática.
Dentro da perspectiva que a interação com o professor está na base do trabalho do coordenador pedagógico, de acordo com Carmen Guerreiro em seu artigo Profissão: articulador escolar, pesquisadores do tema usam a teoria das relações interpessoais, do pedagogo norte-americano Donald Schön, para tentar compreender as habilidades de comunicação que esse profissional precisa desenvolver. Tendo como base Schön, autor de Educando o profissional reflexivo (Artmed, 2000, edição esgotada), a relação entre instrutor e aprendiz (interpretados por especialistas como coordenador e professor) pode ser um sucesso ou um fracasso dependendo de como a hierarquia, o poder e o controle transparecerem na comunicação. Ele deixa claro dois modelos, no primeiro o coordenador demonstra para seus docentes o lugar que ocupa na hierarquia educacional, que por consequência termina não estabelecendo as condições da aprendizagem devido a sua forma de agir.
No segundo modelo cultiva a interação entre os conhecimentos dos sujeitos, focado em uma aprendizagem de mão dupla onde todos se beneficiem, busca o entendimento, onde possam ser aproveitadas colaborações, questionamentos de visão e os interesses dos participantes envolvidos. Tânia Romero em seu doutorado A interação coordenador e professor: um processo colaborativo?  Diz:

Encoraja-se que sejam criadas condições para livre troca de informações, mesmo aquelas mais sensíveis e difíceis, que haja conscientização dos valores em jogo, bem como conscientização das limitações da própria capacidade, que haja comprometimento interno dos participantes quanto as decisões tomadas, comprometimento este baseado em satisfação intrínseca em vez de recompensa ou punição externa. O clima de confiança mútua que se estabelece (...) propicia um relacionamento colaborativo favorável a oportunidades de reflexão.

Neste pensamento é refletida a ideia de que o relacionamento do coordenador pedagógico com seus docentes, e com todos que fazem parte da malha escolar, deve estar galgado na confiança entre os sujeitos, com o objetivo do desenvolvimento mutuo de todos dentro das ações relacionadas à educação.
Neste intento poderá cumprir todos os requisitos de sua função que são: promover oportunidade de trabalho coletivo para construção permanente da prática docente e revisão do projeto político-pedagógico; acompanhar e avaliar o ensino e o processo de aprendizagem, bem como os resultados do desempenho dos educandos junto aos professores; assumir o trabalho de formação continuada e garantir situações de estudo e de reflexão sobre a prática pedagógica e aprofundamento das teorias da educação; auxiliar o educador na organização de sua rotina de trabalho; colaborar com o educador na organização de seleção de materiais adequados às diferentes situações de ensino e de aprendizagem; apoiar os educandos e orientar as famílias, entre outras.
Portanto todo o trabalho do coordenador só é possível a partir de um espaço coletivo de debate com os educadores. Só a partir dessa interação a figura do coordenador pode exercer a sua principal função, a de formador que promove a reflexão contínua junto aos educadores sobre a prática pedagógica.

2.4.   O Coordenador Pedagógico frente ao Projeto Político Pedagógico (P.P.P)

O coordenador possui grande importância na formação contínua do professor, e estabelece estratégias para os desenvolvimentos de todos os agentes envolvidos com a prática educacional dentro e fora da escola, pode se dizer então que suas funções estão atreladas ao desenvolvimento dos objetivos que constam no Projeto Político Pedagógico da instituição. José Cerchi Fusari, educador doutor da Faculdade de Educação de São Paulo (USP), em uma entrevista para a revista Nova Escola, sobre o tema: O papel do coordenador pedagógico na concepção do projeto político-pedagógico ressalta que “na prática, seu trabalho se inicia com a compreensão de que o currículo formal é um conjunto de indicações oriundas da Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Mediante uma leitura crítica da proposta da rede, cabe ao coordenador manter diálogo com os docentes para construir, em um trabalho cooperativo, o PPP”.
Com este preceito o coordenador pedagógico ele encontra sua identidade quando ele articula a elaboração e o funcionamento do P.P.P em conjunto com os docentes e os demais que fazem parte da comunidade escolar. O P.P.P deve ser dinâmico, mutável, vivo. Para viabilizá-lo, cabe ao coordenador, com a participação da direção, discutir com os professores política e pedagogicamente as características sociais, culturais e pessoais do público que a escola atende, ou seja, o projeto da escola precisa ter o real como ponto de partida e o ideal possível como ponto de chegada.
È desta maneira contínua com elementos curriculares democráticos e emancipatórios que o coordenador deve prover o funcionamento do P.P.P na instuição, criando oportunidades para que os educadores repensem suas práticas, reconstrua conhecimentos, revejam seu critérios de avaliação, reinventem sua relação educador-educando e pensem em métodos de ensino que atendam melhor as expectativas dos educandos. Deste modo poderá contribuir com a real função da escola, que é transformar nosso meio social em uma sociedade mais justa e igualitária.

 








   







3.      ABORDAGEM METODOLÓGICA

Dando conclusão à disciplina de Coordenação Pedagógica e tendo em vista a necessidade de uma reflexão acerca da prática pedagógica na atuação do coordenador, pudemos ver na prática, grande parte dos fundamentos aprendidos ao longo de nossos estudos com os princípios teóricos estudados, agora trabalhando em sala de aula. Neste momento, pudemos aliar a teoria à prática, demonstrando, assim, o quanto é enriquecedor e importante esta etapa na formação acadêmica e profissional do futuro docente.
Para tanto, nossa opção metodológica se fundamenta na perspectiva qualitativa, referenciada principalmente por Minayo (1992), Chizotti (1991) e Freire (2004), com ênfase nos fenômenos acontecidos não só no campo de investigação e observação, como também nas vivências dos sujeitos fora dele, o que influencia decisivamente nas suas práticas e atitudes. Tendo como referência a pesquisa qualitativa, o trabalho de campo se faz necessário e apresenta como uma possibilidade de adquirirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos investigar e estudar, bem como criar um conhecimento, partindo da realidade presente no campo.
O nosso estudo se desenvolver através de observações diretas, que de acordo com Freire (2004):
A pesquisa empírica lida com processos de interação e face a face, isto é, o pesquisador não pode elaborar a pesquisa em “laboratório” ou em uma biblioteca – isolado e apenas com os livros à sua volta. Nesta modalidade de elaboração do conhecimento, o pesquisador precisa “ir ao campo”, isto é, o pesquisador precisa inserir-se no espaço social coberto pela pesquisa, necessita estar com pessoas e presenciar as relações sociais que os sujeitos-pesquisadores vivem. É uma modalidade de pesquisa que se faz em presença.

3.1.   O campo empírico
O campo empírico investigado em nossa observação
 para o estágio em Coordenação Pedagógica foi uma escola da Rede Particular de Ensino, o Centro Educacional João e Maria; localizado na Avenida Beberibe, nº 4149, Beberibe, Recife, Pernambuco.
Quanto à estrutura física, a escola conta com 07 salas de aula, sala de professores, sala da direção, coordenação, secretaria, pátio, quadra, cantina e sala de tecnologia. Há também uma biblioteca com amplo acervo bibliográfico, onde os alunos fazem suas pesquisas. O colégio tem 182 alunos matriculados nos dois períodos. Matutino: do Maternal ao 5° ano do Ensino Fundamental e Vespertino: do 1° ao 5º ano do Ensino Fundamental.

3.2.   Sujeitos participantes da pesquisa
O público alvo da pesquisa foi à gestora, a coordenadora pedagógica da instituição e uma professora do Ensino Fundamental da mesma instituição. Acreditamos que essa quantidade representou um percentual significativo, onde obtivemos as informações e conhecimento que substanciou a pesquisa. 

Gestora - Formada em Pedagogia e Licenciatura Plena em História e pós-graduada em Supervisão Educacional. Trabalha na instituição desde a sua fundação. Possui uma carga horária de 40 horas, atuando nos dois turnos de funcionamento da escola matutino e vespertino.

Coordenadora – Formada em Licenciatura Plena em Pedagogia, pós-graduada em Supervisão Educacional e atualmente está concluindo especialização em Psicopedagogia. Trabalha na instituição a 4 anos e a dois anos assumiu a função de Coordenadora Pedagógica. Também cumpre carga horária de 40 horas, atuando nos dois turnos de funcionamento da escola matutino e vespertino.

Professora – Formada no Normal Médio (antigo Magistério), possui formação em Licenciatura Plena em Pedagogia. Professora do 4° ano do Ensino Fundamental. Trabalha na instituição a 5 anos. Cumpre carga horária de 40 horas, também atuando nos dois turnos de funcionamento da escola.

3.3.   Instrumentos utilizados na pesquisa

Foram feitas análises distintas, a realização de entrevistas e a aplicação de um questionário, em consonância com a temática adotada, verificamos por meio de uma análise de vivências no cotidiano da escola e selecionamos alguns pontos recorrentes para a discussão do objeto de estudo, o que nos possibilitou o conhecimento do trabalho do coordenador pedagógico em sua praticidade. O aspecto central aqui se refere à discussão da real identidade de um coordenador pedagógico no espaço escolar e a especificidade da tarefa de um coordenador.
Abordamos questões nessa pesquisa: O que afinal de contas faz um coordenador pedagógico? Como esse coordenador realiza suas ações e obtém bons resultados no espaço escolar?
Nossa observação compreendeu o curto período de apenas três dias. Durante as observações foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, com questões referentes à temática.
Na ótica de Minayo (1999):
A abordagem qualitativa não pode pretender o alcance da verdade, com o que é certo ou errado, deve ter como preocupação primeira a compreensão lógica que permeia a prática que se dá na realidade. Preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado.


Dessa forma, para responder a questão central da nossa pesquisa “A real identidade do coordenador pedagógico no espaço escolar”, foram levados em consideração os instrumentos que norteiam o coordenador em sua prática instrumentos estes que devem corresponder a “uma educação que, pelo processo dinâmico, possa ser criadora e libertadora do homem. Planejar a educação que não limite, mas que liberte que conscientize e comprometa o homem diante do seu mundo” (OLIVEIRA, 2007, p.27).
 Em relação às entrevistas Portelli (1997) enfatiza:

Discutindo a importância da história oral, recursos de muitas pesquisas qualitativas, nos diz que é a subjetividade do expositor que fornece às fontes orais o elemento precioso que nenhuma outra fonte possui em medida igual. A história oral, mais do que sobre eventos, fala sobre significados. Nela a aderência ao fato cede passagem à imaginação, ao simbolismo.









Por tanto, a investigação é dada dentro de um processo dinâmico entre pesquisador e pesquisado, que o sujeito é pesquisado possa pensar, lembrar e relacionar fatos para que possam expressar-se, potencializando sua subjetividade, a entrevista semi-estruturada e a pesquisa qualitativa em si possibilita isto. Nessa perspectiva, Paulo Freire (1970) destaca na sua contribuição:
A pesquisa deve servir aos sujeitos que fazem parte da realidade investigada e não apenas a ser a pesquisa que serve ao pesquisador, à sua carreira, à sua ascensão acadêmica nas instituições. Por isso é uma pesquisa que está mais fora de que dentro das universidades e está mais dentro do que fora dos Movimentos Sociais.
Para tanto, os instrumentos utilizados para o desenvolvimento deste estudo foram: pesquisa bibliográfica, a observação in lócus, a entrevista semi-estruturada e aplicação do questionário.

Partindo das leituras e discussões dos textos Coordenação Pedagógica, em sala de aula, foi proposta a elaboração de questionário voltado ao coordenador pedagógico, a fim de conhecermos melhor as atribuições deste profissional dentro do ambiente escolar.
As perguntas formuladas referem-se à formação dos mesmos, quanto a suas funções e atribuições dentro da escola, qual a importância que ele atribui ao Projeto Político Pedagógico (PPP). Também foi questionaram-se acerca as atividades do Coordenador Pedagógico junto aos professores, a criação de estratégias para o combate à evasão e repetência, entre outras indagações.
A pesquisa bibliográfica objetiva responder ao primeiro objetivo específico que é: Investigar o contexto histórico da função do coordenador pedagógico e suas implicações para a formação continuada de professores; nesse sentido, a observação, a entrevista e o questionário procuram responder, dentre outros questionamentos, aos demais objetivos: formação do Coordenador Pedagógico, funções que competem ao Coordenador Pedagógico, relação do Coordenador Pedagógico com o corpo docente e o Coordenador Pedagógico frente ao Projeto Político Pedagógico (P.P.P).





4.      ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Foi realizada uma pesquisa de campo, utilizando como instrumentos a observação, questionário e entrevista semi-estruturada direcionada aos professores, diretora e a coordenadora pedagógica de uma escola da Rede Particular de ensino do Recife.
A pesquisa teve como objetivo analisar a problemática a seguinte temática: A real identidade do coordenador pedagógico no espaço escolar. 
É importante ressaltar que na análise dos dados foram considerados os dados da pesquisa, associando-os aos principais conceitos do referencial teórico sobre a temática, destacando e organizando os dados a partir dos objetivos específicos. Esta pesquisa responde as indagações do questionário e entrevistas (em anexo), realizada com os professores, gestora e coordenadora pedagógica, bem como as observações em campo. Assim sendo, os dados coletados foram interpretados, observando as relações existentes nos itens que estão sendo abordados.

A primeira questão do questionário leva-nos a refletir acerca das atribuições do coordenador/supervisor pedagógico dentro do ambiente escolar. A partir da resposta da nossa entrevistada, quando interrogada sobre a concepção que tem a respeito dessas atribuições, pudemos observar que houver certa falta de delimitação quanto à função, pois a resposta voltou-se para um aspecto amplo. Dessa forma poderíamos complementar seu pensamento dizendo que o coordenador tem como atribuições, em resumo: desenvolver projetos; resolver os conflitos emergentes na escola; auxiliar nas atividades com a comunidade escolar, articulando-a no sentido da melhoria do trabalho pedagógico e na elaboração do Projeto Político Pedagógico; acompanhar o planejamento de ensino; encaminhar os alunos para a recuperação de estudos, bem como os que necessitam de atendimento especializado.
Quando questionada a respeito da formação continuada a coordenadora ressaltou a preocupação da escola em proporciona-la a seus educadores. Citou alguns exemplos. Mas deixou transparecer que essa formação é feita de forma esporádica, quando deve ser um processo contínuo. Devemos levar em consideração o que Nóvoa (2001) diz:
Durante muito tempo, quando se falava em formação de professores, falava-se essencialmente da formação inicial do professor. Hoje em dia, é impensável imaginar essa situação. A formação de professores é algo que se estabelece num continuum. Que começa nas escolas de formação inicial, nos primeiros anos de exercício profissional e continuam ao longo de toda a vida profissional, através de práticas de formação continuada, tendo como pólo de referência as escolas.

No que se refere na relação entre o coordenador pedagógico e os educadores, a educadora diz que encontra-se satisfeita em relação a atuação da coordenadora, pois quando a procura devido a alguma dificuldade sempre é atendida, porém observamos no discurso da coordenadora no que concerne ao acompanhamento do trabalho dos docentes que o determinado acompanhamento acontece na maioria das vezes pelo registro do diário de classe, e é relevante dizer que a coordenação pedagógica deve manter uma relação interpessoal, de constante comunicação com seus docentes.
Seguindo esse contexto de relação foram colocadas às dificuldades mais abrangentes na atuação do coordenador, e a gestora ressaltou que uma das maiores dificuldades estava em a coordenadora articular as relações conflitantes existentes entre os atores educacionais, e promover estímulo para os educadores, percebemos também esse discurso de conflitos nas relações quando a educadora aponta que a dificuldade em que pede mais ajuda da coordenadora se refere ao comportamento insatisfatório do alunado. Neste ponto é quando pensamos que a coordenação pedagógica deve está preparada para servir em criar um ambiente apaziguador, destituindo todo tipo de conflito, e desenvolver práticas que motivem e agregue os docentes em prol do funcionamento educacional.
No que tange o funcionamento educacional, já é bem confirmado que um dos documentos que norteia o funcionamento de uma instituição de ensino é Projeto Político Pedagógico da escola, onde contém sua identidade e objetivos enquanto instituição, e uma das questões de nossa entrevista trazia o conhecimento a respeito do PPP da instituição e da participação da elaboração do mesmo por parte da coordenadora pedagógica, em sua resposta nota-se que não fez parte de sua produção devido ao fato de não estar trabalhando na instituição nos momentos em que foi produzido e não faz menção a nenhuma revisão, pois não diz ser necessário. A coordenadora divide esse mesmo pensamento no que se refere ao currículo da escola. É relevante ressaltar que a coordenação pedagógica deve estar em consonância com o currículo, pois precisa desenvolver práticas em conjuntos com os educadores para atendê-lo, logo é necessário que possua um grande conhecimento sobre os objetivos contidos no PPP para que possa desenvolver tais práticas de maneira eficaz.
5.      CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de leituras e discussões de textos, visitas a escola campo de estágio, questionários e entrevistas aplicados junto aos professores e equipe pedagógica, percebemos que o coordenador pedagógico exerce várias funções, entre elas o atendimento aos pais, educandos e educadores, é articulador do processo democrático da escola, visando uma construção coletiva, apesar das divergências. Porém, julgamos ser central, na função do coordenador, o trabalho na formação continuada dos docentes, proporcionando subsídios necessários para a realização do mesmo. 
Com base nesses estudos e observações, percebemos que a prática pedagogia requer que se faça uma educação voltada para toda a sociedade, de modo que toda a sociedade possa usufruir dos mesmos benefícios, direitos e deveres, mesmo que essa ação configure-se em diferentes espaços sociais, mas que mantenha sua função transformadora para o bem comum. Na medida em que a sociedade vai se tornando mais complexa, vamos sentindo a necessidade de expandir a intencionalidade da educação em diversos contextos, abrangendo diferentes tipos de formações para o exercício da cidadania.
Esperamos então que o coordenador pedagógico reconheça plenamente seu papel dentro da escola, compartilhe suas ideias e conhecimentos, conheça seu espaço de trabalho, tornando-se deste modo à ligação fundamental para o desenvolvimento da prática educativa, traçando assim seu caminho transformador, formador e articulador.















6.      SEÇÃO DE REFERÊNCIAS

a)      Bibliografia
ABREU, Luci C. de, BRUNO, Eliane B.G.O coordenador pedagógico e a questão do fracasso escolar. In.: ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera Mª de S. O Coordenador Pedagógico e questões da contemporaneidade. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
ALMEIDA, Laurinda R. O relacionamento interpessoal na coordenação pedagógica. In.: ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera Mª N. de S. O Coordenador Pedagógico e o espaço de mudança. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
BRASIL, LDB. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em< www.mec.gov.br>. Acesso em: 19 mai 2012.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991
CLEMENTI, Nilba. A voz dos outros e a nossa voz. In:. ALMEIDA R., PLACCO, Vera Mª N. de S. O Coordenador Pedagógico e o espaço de mudança. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
Freire, P. (1970). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 39 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
GONÇALVES, C. L; PIMENTA, S.G. Revendo o ensino de 2º grau, propondo a formação do professor. São Paulo: Cortez, 1990.
MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo, Hucitec-Abrasco, 1992.
NÓVOA, Antônio. Formação de professores e formação docente. In: Nóvoa, Antônio. (org.) Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
OLIVEIRA, Dalila de Andrade. Gestão Democrática da Educação: Desafios Contemporâneos. 7ª edição. Petrópolis, RJ. Editora Vozes.
PORTELLI, Alessandro. Tentando aprender um pouquinho: algumas reflexões sobre a ética na História Oral. Projeto História 15. São Paulo, 1997.
REIS, Fátima. Disponível em: www.webartigos.com. Acesso em 19 de maio de 2012.
SILVA, Moacyr da. O coordenador pedagógico e a questão da participação nos órgãos colegiados. In.: ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera Mª de S. O Coordenador Pedagógico e questões da contemporaneidade. São Paulo: Edições Loyola, 2006.



Por:  Andreza Cristina Santos de Araújo & Levson Tiago Pereira Gomes da Silva

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