SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO.......................................................................................................4
2.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA.........................................................................6
2.1. Formação
do Coordenador Pedagógico...............................................................6
2.2. Funções
que competem ao Coordenador Pedagógico.........................................7
2.3. Relação do Coordenador Pedagógico com o corpo docente...............................8
2.4. O Coordenador Pedagógico frente ao Projeto Político Pedagógico
(P.P.P).......9
3.
ABORDAGEM
METODOLÓGICA...................................................................11
3.1. O
campo empírico..............................................................................................11
3.2.
Sujeitos participantes da pesquisa.........................................................................12
3.3.
Instrumentos
utilizados na pesquisa...................................................................12
4.
ANÁLISE
E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.................................................15
5.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS.................................................................................17
6.
SEÇÃO
DE REFERÊNCIAS.................................................................................18
a)
Bibliografia
b)
Anexos
I
|
NTRODUÇÃO
O Estágio de Licenciatura é uma
exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9394/96). O
estágio é necessário à formação profissional a fim de adequar essa formação às
expectativas do mercado de trabalho onde o licenciado irá atuar. Assim, através
do estágio temos a oportunidade de aliar a teoria à prática.
Por
muitas vezes, o coordenador pedagógico acaba assumindo várias funções, muitas
vezes relegando em segundo plano aquela atividade que poderíamos considerar
como essencial. Nessa perspectiva, o estudo aqui exposto tem por objetivo
compreender “A real identidade do coordenador pedagógico no espaço escolar”,
pois na sociedade em que vivemos a escola enquanto instituição de ensino e de
práticas pedagógicas enfrenta muitos desafios que comprometem a sua ação frente
às problemáticas que surgem no espaço escolar. Logo, os educadores, que nela
atuam, precisam estar conscientes de que os alunos devem ter uma formação cada
vez mais ampla e promovendo o desenvolvimento de suas capacidades.
Nesse contexto é que se torna necessária
a presença de um coordenador pedagógico consciente de seu papel, da importância
de sua formação continuada e da equipe docente, além de manter a parceria entre
pais, alunos, professores e direção. Favorecer a construção de um ambiente
democrático e participativo, onde se incentive a produção do conhecimento por
parte da comunidade escolar.
A referida temática surgiu durante um
curto período de observação em uma escola da Rede Particular de ensino do
Município do Recife, a partir da observação prática de uma coordenadora
pedagógica, em cumprimento das atividades da disciplina de Coordenação
Pedagógica, onde foi proposto o período de estágio na área de coordenação que
tem como objetivo aproximar a teoria apreendida durante o curso e a prática no
período de estágio. Na concepção de Pimenta e Lima (1990):
O estágio é um
campo de conhecimento formativo dos futuros professores e integrante de todo o
projeto curricular, ambos consideram que a finalidade do estágio é propiciar ao
aluno uma aproximação à realidade na qual atuará se afastando da compreensão,
até então corrente, de que seria parte de uma prática do curso, para uma
reflexão sobre a realidade que fora vivenciada.
A partir da observação em campo, pudemos
observar que o tema esboçado está ligado às indagações que tínhamos a respeito
sobre quais as ações são condizentes ao coordenador pedagógico no espaço
escolar. Atualmente é perceptível vermos esta função perde-se em meio de várias
outras atividades, onde o coordenador acaba por prejudicar as ações que o
competem, que consequentemente a instituição na qual está inserido sofre
influências destas ações mal exercidas e termina tendo um funcionamento
prejudicado em suas atividades pedagógicas e culturais.
Embasados nessas perspectivas de
entender qual a real identidade do coordenador pedagógico no espaço escolar, é
que nos ascendeu a ideia de entender esta querela e assim buscar meios estudos que
despertem nos educadores presentes no nosso meio social, a curiosidade e a
preocupação dos problemas existentes ao redor desse tema, pois deste modo
acreditamos que estaremos em busca de um caminho onde a educação será vista
como um instrumento para transformação de uma sociedade mais igualitária.
Nossos
estudos foram embasados em discussões de textos como, entrevistas e
questionários, realizados com a equipe pedagógica e professores da escola campo
de estágio, bem como observação do cotidiano do coordenador pedagógico.
2.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
2.1.
Formação
do Coordenador Pedagógico
O maior eixo da formação do Coordenador
Pedagógico é o curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, onde ele adquire
conhecimentos necessários para sua atuação em quanto coordenador, porém isso
não implica dizer que sua formação estagna ao término do curso, pelo contrário
é apenas o primeiro passo que configurará sua formação.
O processo de formação dos atores, mais
explicitamente aqui esboçado o coordenador, que atuam na educação envolve formação
continuada, a valorização de seus saberes práticos e pedagógicos, e a prática
reflexiva. Essas são questões centrais para se pensar em uma
escola de qualidade, em uma sociedade em que a mudança é a única característica
permanente e onde fica cada vez mais difícil mobilizar conhecimentos complexos.
Muitos estudos atualmente mostram uma
situação educacional desfavorável, marcado pela repetência, evasão escolar e
distorção serie-idade nas diferentes fases do ensino fundamental. Neste cenário
educacional faz-se necessário a constante busca de soluções para a resolução
das determinadas problemáticas, com vistas em desenvolver um processo de
ensino-aprendizagem mais eficaz, isto põe em destaque a importância de uma
formação continuada do coordenador pedagógico. Essa formação continuada visa
incentivar a postura de sujeitos críticos, reflexivos e transformadores, capazes
de refletir sobre suas ações, com vistas a produzir saberes que lhes permitam
avançar em práticas pedagógicas cada vez mais significativas e relevantes no
contexto em que atuam.
Além da formação continuada o
coordenador pedagógico deve encontrar sua identidade como coordenador, ele
precisa entender sua função e importância dentro da instituição de ensino, com
o objetivo de promover relações instáveis entre os atores educacionais. A compreensão sobre a complexidade de sua atuação enquanto coordenador
pedagógico será possível se este profissional empenhar-se nos estudos sobre o
tema, analisando os conceitos e propostas e, sendo capaz de fazer a relação
destes conhecimentos com a situação atual que observa no interior das
instituições de ensino em que atua.
Ora, se é necessário
ao coordenador compreender sua atuação, então faz-se necessário também em
outros aspectos, superar a deficitária formação inicial de forma a intervir com
maior propriedade nas práticas escolares, pressupõem-se então que a formação
continuada deste profissional é bastante relevante para o desenvolvimento de
sua prática.
2.2.
Funções
que competem ao Coordenador Pedagógico
Coordenar uma instituição de ensino
atualmente não é uma tarefa para qualquer maestro, levando em consideração
todas as problemáticas que compõem o seio escolar. Onde vemos todo um discurso
a respeito do espaço, sujeito, tempo e conteúdo da aprendizagem, o coordenador
pedagógico dentro desse contexto escolar irá surgir como uma figura que
desempenha o papel de articulador da prática educativa. O coordenador é hoje - ou poderia ser - o elo a unir projeto
pedagógico da escola, conteúdo programático e as pessoas envolvidas no projeto
- professores, gestores, pais e alunos.
Em meio toda essa
instabilidade no ambiente educacional atual, o coordenador encontra-se muitas
vezes pressionado no exercício de sua função, na qual em prática não possui uma
configuração de papel definida. Devido a estes fatos o coordenador deve ter
algumas características que favorecem o desempenho de sua função. "Não
podemos definir um perfil exato para o coordenador, pois é possível praticar a
coordenação pedagógica com estilos variados. No entanto, o cuidado com as
relações interpessoais tem de ser um norte a ser perseguido. As características
que definem um bom coordenador talvez sejam as mesmas que caracterizam um bom
professor", aponta Renata Cunha, docente do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).
Independente da relação que
constitui semelhanças entre o coordenador pedagógico e educadores, ele deve ser
alguém, segundo Nilda Alves, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (Uerj), que saiba liderar sem perder de vista que está
coordenando uma equipe em uma escola, e não em uma empresa, que tem dinâmica e
foco diferentes. "E isso não significa ficar levando textos que conclamam
o professor a trabalhar melhor, já que o professor está ali para cumprir o seu
trabalho."
Como uma pessoa que está em
frente de uma liderança o coordenador pedagógico, precisa conquistar todos os
sujeitos que fazem parte da comunidade escolar, deste modo necessita está
sempre atualizado, não precisa saber de todo o conteúdo das áreas de ensino,
mas é necessário obter conhecimento teórico no que se refere à prática de
ensino. Fernanda Liberali, pesquisadora da PUC-SP com mestrado e doutorado
dedicados ao papel do coordenador pedagógico, diz que: “É preciso ouvir o
professor para ganhá-lo, fazê-lo revelar o quê e como pensa como acha que
determinada questão tem de ser tratada”. Isto nos leva a dizer que o
coordenador pedagógico deve ser um provedor de pontes entre os sujeitos que
constitui a prática de ensino com vistas em desenvolver o próprio ensino.
2.3.
Relação do Coordenador Pedagógico com o corpo docente.
Como foi relatado
anteriormente, o Coordenador Pedagógico deve manter uma relação de comunicação
com a comunidade escolar, e é valido ressaltar que isto se aplica
principalmente na relação entre coordenador e docentes, pois através do diálogo
poderão articular em conjunto estratégias que beneficiem a prática pedagógica
da instituição. A construção de uma relação de confiança é fundamental porque dá
liberdade para que os educadores possam levar com mais facilidade para o
coordenador todas as suas inquietações a respeito de sua prática.
Dentro da perspectiva que a
interação com o professor está na base do trabalho do coordenador pedagógico,
de acordo com Carmen Guerreiro em seu artigo Profissão: articulador escolar, pesquisadores
do tema usam a teoria das relações interpessoais, do pedagogo norte-americano
Donald Schön, para tentar compreender as habilidades de comunicação que esse
profissional precisa desenvolver. Tendo como base Schön, autor de Educando o profissional
reflexivo (Artmed, 2000,
edição esgotada), a relação entre instrutor e aprendiz (interpretados por
especialistas como coordenador e professor) pode ser um sucesso ou um fracasso
dependendo de como a hierarquia, o poder e o controle transparecerem na
comunicação. Ele deixa claro dois modelos, no primeiro o coordenador demonstra
para seus docentes o lugar que ocupa na hierarquia educacional, que por
consequência termina não estabelecendo as condições da aprendizagem devido a
sua forma de agir.
No segundo modelo cultiva a
interação entre os conhecimentos dos sujeitos, focado em uma aprendizagem de
mão dupla onde todos se beneficiem, busca o entendimento, onde possam ser
aproveitadas colaborações, questionamentos de visão e os interesses dos
participantes envolvidos. Tânia Romero em seu doutorado A interação coordenador e
professor: um processo colaborativo? Diz:
Encoraja-se
que sejam criadas condições para livre troca de informações, mesmo aquelas mais
sensíveis e difíceis, que haja conscientização dos valores em jogo, bem como
conscientização das limitações da própria capacidade, que haja comprometimento
interno dos participantes quanto as decisões tomadas, comprometimento este
baseado em satisfação intrínseca em vez de recompensa ou punição externa. O
clima de confiança mútua que se estabelece (...) propicia um relacionamento
colaborativo favorável a oportunidades de reflexão.
Neste pensamento é refletida
a ideia de que o relacionamento do coordenador pedagógico com seus docentes, e
com todos que fazem parte da malha escolar, deve estar galgado na confiança
entre os sujeitos, com o objetivo do desenvolvimento mutuo de todos dentro das
ações relacionadas à educação.
Neste intento poderá cumprir
todos os requisitos de sua função que são: promover oportunidade de trabalho
coletivo para construção permanente da prática docente e revisão do projeto
político-pedagógico; acompanhar e avaliar o ensino e o processo de
aprendizagem, bem como os resultados do desempenho dos educandos junto aos
professores; assumir o trabalho de formação continuada e garantir situações de
estudo e de reflexão sobre a prática pedagógica e aprofundamento das teorias da
educação; auxiliar o educador na organização de sua rotina de trabalho;
colaborar com o educador na organização de seleção de materiais adequados às
diferentes situações de ensino e de aprendizagem; apoiar os educandos e
orientar as famílias, entre outras.
Portanto todo o trabalho do
coordenador só é possível a partir de um espaço coletivo de debate com os
educadores. Só a partir dessa interação a figura do coordenador pode exercer a
sua principal função, a de formador que promove a reflexão contínua junto aos
educadores sobre a prática pedagógica.
2.4.
O Coordenador Pedagógico frente ao Projeto Político Pedagógico
(P.P.P)
O coordenador possui grande
importância na formação contínua do professor, e estabelece estratégias para os
desenvolvimentos de todos os agentes envolvidos com a prática educacional
dentro e fora da escola, pode se dizer então que suas funções estão atreladas
ao desenvolvimento dos objetivos que constam no Projeto Político Pedagógico da
instituição. José Cerchi Fusari, educador doutor da Faculdade de Educação de
São Paulo (USP), em uma entrevista para a revista Nova Escola, sobre o tema: O
papel do coordenador pedagógico na concepção do projeto político-pedagógico
ressalta que “na prática, seu trabalho se inicia com a compreensão de que o
currículo formal é um conjunto de indicações oriundas da Lei de Diretrizes e
Bases (LDB). Mediante uma leitura crítica da proposta da rede, cabe ao
coordenador manter diálogo com os docentes para construir, em um trabalho
cooperativo, o PPP”.
Com este preceito o
coordenador pedagógico ele encontra sua identidade quando ele articula a
elaboração e o funcionamento do P.P.P em conjunto com os docentes e os demais
que fazem parte da comunidade escolar. O P.P.P deve ser dinâmico, mutável,
vivo. Para viabilizá-lo, cabe ao coordenador, com a participação da direção, discutir
com os professores política e pedagogicamente as características sociais,
culturais e pessoais do público que a escola atende, ou seja, o projeto da
escola precisa ter o real como ponto de partida e o ideal possível como ponto
de chegada.
È desta maneira contínua com
elementos curriculares democráticos e emancipatórios que o coordenador deve
prover o funcionamento do P.P.P na instuição, criando oportunidades para que os
educadores repensem suas práticas, reconstrua conhecimentos, revejam seu
critérios de avaliação, reinventem sua relação educador-educando e pensem em
métodos de ensino que atendam melhor as expectativas dos educandos. Deste modo
poderá contribuir com a real função da escola, que é transformar nosso meio
social em uma sociedade mais justa e igualitária.
3.
ABORDAGEM
METODOLÓGICA
Dando
conclusão à disciplina de Coordenação Pedagógica e tendo em vista a necessidade
de uma reflexão acerca da prática pedagógica na atuação do coordenador, pudemos
ver na prática, grande parte dos fundamentos aprendidos ao longo de nossos
estudos com os princípios teóricos estudados, agora trabalhando em sala de
aula. Neste momento, pudemos aliar a teoria à prática, demonstrando, assim, o
quanto é enriquecedor e importante esta etapa na formação acadêmica e
profissional do futuro docente.
Para tanto, nossa opção metodológica se fundamenta na
perspectiva qualitativa, referenciada principalmente por Minayo (1992),
Chizotti (1991) e Freire (2004), com ênfase nos fenômenos acontecidos não só no
campo de investigação e observação, como também nas vivências dos sujeitos fora
dele, o que influencia decisivamente nas suas práticas e atitudes. Tendo como referência a pesquisa qualitativa, o
trabalho de campo se faz necessário e apresenta como uma possibilidade de
adquirirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos investigar e
estudar, bem como criar um conhecimento, partindo da realidade presente no
campo.
O nosso
estudo se desenvolver através de observações diretas, que de acordo com Freire
(2004):
A pesquisa empírica lida com processos de
interação e face a face, isto é, o pesquisador não pode elaborar a pesquisa em
“laboratório” ou em uma biblioteca – isolado e apenas com os livros à sua
volta. Nesta modalidade de elaboração do conhecimento, o pesquisador precisa
“ir ao campo”, isto é, o pesquisador precisa inserir-se no espaço social
coberto pela pesquisa, necessita estar com pessoas e presenciar as relações
sociais que os sujeitos-pesquisadores vivem. É uma modalidade de pesquisa que
se faz em presença.
3.1.
O
campo empírico
O campo
empírico investigado em nossa observação
para
o estágio em Coordenação Pedagógica foi uma escola da Rede Particular de
Ensino, o Centro Educacional João e Maria; localizado na Avenida Beberibe, nº
4149, Beberibe, Recife, Pernambuco.
Quanto à estrutura física, a escola
conta com 07 salas de aula, sala de professores, sala da direção, coordenação,
secretaria, pátio, quadra, cantina e sala de
tecnologia. Há também uma biblioteca com amplo acervo bibliográfico, onde os alunos
fazem suas pesquisas. O colégio tem 182 alunos
matriculados nos dois períodos. Matutino: do Maternal ao 5° ano do Ensino
Fundamental e Vespertino: do 1° ao 5º ano do Ensino Fundamental.
3.2.
Sujeitos participantes da pesquisa
O público alvo da pesquisa foi à gestora, a coordenadora
pedagógica da instituição e uma professora do Ensino Fundamental da mesma
instituição. Acreditamos que essa quantidade representou um percentual
significativo, onde obtivemos as informações e conhecimento que substanciou a
pesquisa.
Gestora - Formada em Pedagogia e Licenciatura
Plena em História e pós-graduada em Supervisão Educacional. Trabalha na
instituição desde a sua fundação. Possui uma carga horária de 40 horas, atuando
nos dois turnos de funcionamento da escola matutino e vespertino.
Coordenadora – Formada em Licenciatura Plena em
Pedagogia, pós-graduada em Supervisão Educacional e atualmente está concluindo
especialização em Psicopedagogia. Trabalha na instituição a 4 anos e a dois
anos assumiu a função de Coordenadora Pedagógica. Também
cumpre carga horária de 40 horas, atuando nos dois turnos de funcionamento da
escola matutino e vespertino.
Professora – Formada no Normal Médio (antigo
Magistério), possui formação em Licenciatura Plena em Pedagogia. Professora do
4° ano do Ensino Fundamental. Trabalha na instituição a 5 anos. Cumpre carga
horária de 40 horas, também atuando nos dois turnos de funcionamento da escola.
3.3.
Instrumentos utilizados na pesquisa
Foram
feitas análises distintas, a realização de entrevistas e a aplicação de um
questionário, em consonância com a temática adotada, verificamos por meio de uma análise de vivências no
cotidiano da escola e selecionamos alguns pontos recorrentes para a discussão
do objeto de estudo, o que nos possibilitou o conhecimento do trabalho do
coordenador pedagógico em sua praticidade. O aspecto central aqui se refere à
discussão da real identidade de um coordenador pedagógico no espaço escolar e a
especificidade da tarefa de um coordenador.
Abordamos questões nessa pesquisa: O que afinal de contas faz um
coordenador pedagógico? Como esse coordenador realiza suas ações e obtém bons
resultados no espaço escolar?
Nossa observação compreendeu o curto período de apenas três dias. Durante
as observações foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, com questões
referentes à temática.
Na ótica de Minayo (1999):
A abordagem qualitativa não pode pretender
o alcance da verdade, com o que é certo ou errado, deve ter como preocupação
primeira a compreensão lógica que permeia a prática que se dá na realidade.
Preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado.
Dessa
forma, para responder a questão central da nossa pesquisa “A real
identidade do coordenador pedagógico no espaço escolar”, foram levados em
consideração os instrumentos que norteiam o coordenador em sua prática
instrumentos estes que devem corresponder a “uma educação que, pelo processo
dinâmico, possa ser criadora e libertadora do homem. Planejar a educação que
não limite, mas que liberte que conscientize e comprometa o homem diante do seu
mundo” (OLIVEIRA, 2007, p.27).
Em relação às entrevistas Portelli (1997)
enfatiza:
Discutindo a importância da história oral,
recursos de muitas pesquisas qualitativas, nos diz que é a subjetividade do
expositor que fornece às fontes orais o elemento precioso que nenhuma outra
fonte possui em medida igual. A história oral, mais do que sobre eventos, fala
sobre significados. Nela a aderência ao fato cede passagem à imaginação, ao
simbolismo.
Por tanto, a
investigação é dada dentro de um processo dinâmico entre pesquisador e
pesquisado, que o sujeito é pesquisado possa pensar, lembrar e relacionar fatos
para que possam expressar-se, potencializando sua subjetividade, a entrevista
semi-estruturada e a pesquisa qualitativa em si possibilita isto. Nessa
perspectiva, Paulo Freire (1970) destaca na sua contribuição:
A pesquisa deve
servir aos sujeitos que fazem parte da realidade investigada e não apenas a ser
a pesquisa que serve ao pesquisador, à sua carreira, à sua ascensão acadêmica
nas instituições. Por isso é uma pesquisa que está mais fora de que dentro das
universidades e está mais dentro do que fora dos Movimentos Sociais.
Para
tanto, os instrumentos utilizados para o desenvolvimento deste estudo foram:
pesquisa bibliográfica, a observação in lócus, a entrevista semi-estruturada e
aplicação do questionário.
Partindo
das leituras e discussões dos textos Coordenação Pedagógica, em sala de aula,
foi proposta a elaboração de questionário voltado ao coordenador pedagógico, a
fim de conhecermos melhor as atribuições deste profissional dentro do ambiente
escolar.
As
perguntas formuladas referem-se à formação dos mesmos, quanto a suas funções e
atribuições dentro da escola, qual a importância que ele atribui ao Projeto
Político Pedagógico (PPP). Também foi questionaram-se acerca as atividades do
Coordenador Pedagógico junto aos professores, a criação de estratégias para o
combate à evasão e repetência, entre outras indagações.
A
pesquisa bibliográfica objetiva responder ao primeiro objetivo específico que
é: Investigar o contexto histórico da função do coordenador pedagógico e suas
implicações para a formação continuada de professores; nesse sentido, a
observação, a entrevista e o questionário procuram responder, dentre outros
questionamentos, aos demais objetivos: formação do Coordenador
Pedagógico, funções que competem ao Coordenador Pedagógico, relação do Coordenador Pedagógico com o corpo docente e o
Coordenador Pedagógico frente ao Projeto Político Pedagógico (P.P.P).
4.
ANÁLISE
E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Foi realizada uma pesquisa de campo, utilizando
como instrumentos a observação, questionário e entrevista semi-estruturada
direcionada aos professores, diretora e a coordenadora pedagógica de uma escola
da Rede Particular de ensino do Recife.
A pesquisa teve como objetivo analisar a
problemática a seguinte temática: A real identidade
do coordenador pedagógico no espaço escolar.
É importante ressaltar que na análise dos dados
foram considerados os dados da pesquisa, associando-os aos principais conceitos
do referencial teórico sobre a temática, destacando e organizando os dados a
partir dos objetivos específicos. Esta pesquisa responde as indagações do
questionário e entrevistas (em anexo), realizada com os professores, gestora e
coordenadora pedagógica, bem como as observações em campo. Assim sendo, os
dados coletados foram interpretados, observando as relações existentes nos
itens que estão sendo abordados.
A
primeira questão do questionário leva-nos a refletir acerca das atribuições do
coordenador/supervisor pedagógico dentro do ambiente escolar. A partir da
resposta da nossa entrevistada, quando interrogada sobre a concepção que tem a
respeito dessas atribuições, pudemos observar que houver certa falta de delimitação
quanto à função, pois a resposta voltou-se para um aspecto amplo. Dessa forma
poderíamos complementar seu pensamento dizendo que o coordenador tem como
atribuições, em resumo: desenvolver projetos; resolver os conflitos emergentes
na escola; auxiliar nas atividades com a comunidade escolar, articulando-a no
sentido da melhoria do trabalho pedagógico e na elaboração do Projeto Político
Pedagógico; acompanhar o planejamento de ensino; encaminhar os alunos para a
recuperação de estudos, bem como os que necessitam de atendimento
especializado.
Quando
questionada a respeito da formação continuada a coordenadora ressaltou a
preocupação da escola em proporciona-la a seus educadores. Citou alguns
exemplos. Mas deixou transparecer que essa formação é feita de forma
esporádica, quando deve ser um processo contínuo. Devemos levar em consideração
o que Nóvoa (2001) diz:
Durante
muito tempo, quando se falava em formação de professores, falava-se
essencialmente da formação inicial do professor. Hoje em dia, é impensável
imaginar essa situação. A formação de professores é algo que se estabelece num
continuum. Que começa nas escolas de formação inicial, nos primeiros anos de
exercício profissional e continuam ao longo de toda a vida profissional,
através de práticas de formação continuada, tendo como pólo de referência as
escolas.
No que
se refere na relação entre o coordenador pedagógico e os educadores, a
educadora diz que encontra-se satisfeita em relação a atuação da coordenadora,
pois quando a procura devido a alguma dificuldade sempre é atendida, porém
observamos no discurso da coordenadora no que concerne ao acompanhamento do
trabalho dos docentes que o determinado acompanhamento acontece na maioria das
vezes pelo registro do diário de classe, e é relevante dizer que a coordenação
pedagógica deve manter uma relação interpessoal, de constante comunicação com
seus docentes.
Seguindo
esse contexto de relação foram colocadas às dificuldades mais abrangentes na
atuação do coordenador, e a gestora ressaltou que uma das maiores dificuldades
estava em a coordenadora articular as relações conflitantes existentes entre os
atores educacionais, e promover estímulo para os educadores, percebemos também
esse discurso de conflitos nas relações quando a educadora aponta que a dificuldade
em que pede mais ajuda da coordenadora se refere ao comportamento
insatisfatório do alunado. Neste ponto é quando pensamos que a coordenação
pedagógica deve está preparada para servir em criar um ambiente apaziguador,
destituindo todo tipo de conflito, e desenvolver práticas que motivem e agregue
os docentes em prol do funcionamento educacional.
No que
tange o funcionamento educacional, já é bem confirmado que um dos documentos
que norteia o funcionamento de uma instituição de ensino é Projeto Político
Pedagógico da escola, onde contém sua identidade e objetivos enquanto
instituição, e uma das questões de nossa entrevista trazia o conhecimento a
respeito do PPP da instituição e da participação da elaboração do mesmo por
parte da coordenadora pedagógica, em sua resposta nota-se que não fez parte de
sua produção devido ao fato de não estar trabalhando na instituição nos
momentos em que foi produzido e não faz menção a nenhuma revisão, pois não diz
ser necessário. A coordenadora divide esse mesmo pensamento no que se refere ao
currículo da escola. É relevante ressaltar que a coordenação pedagógica deve
estar em consonância com o currículo, pois precisa desenvolver práticas em
conjuntos com os educadores para atendê-lo, logo é necessário que possua um
grande conhecimento sobre os objetivos contidos no PPP para que possa
desenvolver tais práticas de maneira eficaz.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de
leituras e discussões de textos, visitas a escola campo de estágio,
questionários e entrevistas aplicados junto aos professores e equipe
pedagógica, percebemos que o coordenador pedagógico exerce várias funções,
entre elas o atendimento aos pais, educandos e educadores, é articulador do
processo democrático da escola, visando uma construção coletiva, apesar das divergências.
Porém, julgamos ser central, na função do coordenador, o trabalho na formação
continuada dos docentes, proporcionando subsídios necessários para a realização
do mesmo.
Com base nesses
estudos e observações, percebemos que a prática pedagogia requer que se faça
uma educação voltada para toda a sociedade, de modo que toda a sociedade possa
usufruir dos mesmos benefícios, direitos e deveres, mesmo que essa ação
configure-se em diferentes espaços sociais, mas que mantenha sua função
transformadora para o bem comum. Na medida em que a sociedade vai se tornando
mais complexa, vamos sentindo a necessidade de expandir a intencionalidade da
educação em diversos contextos, abrangendo diferentes tipos de formações para o
exercício da cidadania.
Esperamos então que
o coordenador pedagógico reconheça plenamente seu papel dentro da escola,
compartilhe suas ideias e conhecimentos, conheça seu espaço de trabalho,
tornando-se deste modo à ligação fundamental para o desenvolvimento da prática
educativa, traçando assim seu caminho transformador, formador e articulador.
6. SEÇÃO DE REFERÊNCIAS
a)
Bibliografia
ABREU, Luci C. de,
BRUNO, Eliane B.G.O coordenador pedagógico e a questão do fracasso escolar. In.: ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera
Mª de S. O Coordenador Pedagógico e
questões da contemporaneidade. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
ALMEIDA, Laurinda R. O
relacionamento interpessoal na coordenação pedagógica. In.: ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera Mª N. de S. O Coordenador Pedagógico e o espaço de mudança.
São Paulo: Edições Loyola, 2003.
BRASIL, LDB. Lei
9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em<
www.mec.gov.br>. Acesso em: 19 mai 2012.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa
em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991
CLEMENTI, Nilba. A voz
dos outros e a nossa voz. In:. ALMEIDA
R., PLACCO, Vera Mª N. de S. O Coordenador
Pedagógico e o espaço de mudança. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
Freire, P. (1970).
Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 39 ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2004.
GONÇALVES, C. L;
PIMENTA, S.G. Revendo o ensino de 2º
grau, propondo a formação do professor. São Paulo: Cortez, 1990.
MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo, Hucitec-Abrasco, 1992.
NÓVOA, Antônio. Formação
de professores e formação docente. In: Nóvoa, Antônio. (org.) Os
professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
OLIVEIRA, Dalila de Andrade. Gestão
Democrática da Educação: Desafios Contemporâneos. 7ª edição. Petrópolis, RJ. Editora
Vozes.
PORTELLI, Alessandro. Tentando aprender um pouquinho: algumas
reflexões sobre a ética na História Oral. Projeto História 15. São Paulo,
1997.
SILVA, Moacyr da. O
coordenador pedagógico e a questão da participação nos órgãos colegiados. In.: ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera
Mª de S. O Coordenador Pedagógico e
questões da contemporaneidade. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
Por: Andreza Cristina Santos de Araújo & Levson Tiago Pereira Gomes da Silva
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